segunda-feira, 1 de junho de 2015

As crianças somos nós.

Muitas vezes, as dificuldades sentidas na vida adulta - como impulsos ou medos irracionais, são fruto das vivências enquanto criança. A criança que foi não soube compreender ou racionalizar alguns acontecimentos que viveu e interiorizou-os cristalizando-os. Todas as suas emoções e sentimentos ficam registados na memória corporal e muitas das suas vivências continuam presentes em si. Consequentemente, mesmo que tenha atingido a idade adulta, do ponto de vista emocional poderá continuar a reagir com recurso a defesas já desadequadas perante a Vida.
Se se permitir reencontrar com a sua criança interior, trazendo à memória acontecimentos ou vivências dolorosas, o adulto em que hoje se tornou poderá já ter ferramentas e recursos para explicar à sua criança o que ela não compreendeu, o que interiorizou à luz do que sabia na altura e, simultaneamente, de lhe dar o que na altura era teria necessitado receber: compreensão, carinho, abraço, segurança, incentivo.


Ultrapassando o processo automático de clausura da criança interior – uma tentativa válida de protecção própria e única possível no passado, o adulto que hoje é está em condições de lhe dar tudo aquilo de que se viu privada. Ao reencontrar-se com a sua criança interior, pode assumir o compromisso de estar ao seu lado, cuidando-a e estando sempre à sua disposição.


Essa criança tem coisas importantes a dizer-lhe e aquilo que ela contém – criatividade, vivacidade, capacidade de rir, de brincar, de estar no momento presente – é demasiado importante para que não lhe dê atenção.


Pode reencontrar-se com a sua criança interior, ouvi-la e cuidá-la num processo psicoterapêutico. Esse será o melhor presente do Dia da Criança que poderá oferecer a si mesmo.

Catarina Satúrio