A
transição para a Parentalidade, Ansiedade e Depressão
Cerca
de 1 em cada 5 mulheres sofrem de depressão, ansiedade ou outras
dificuldades emocionais durante o período perinatal, com cerca de 13
% das mães a sofrer de depressão no período antes ou imediatamente
após o nascimento do seu bebé.
Além
disso, uma pesquisa levada a cabo em Oxford, no grupo de
Psicopatologia e Desenvolvimento Perinatal mostrou que a depressão
pós-parto em pais é tão comum quanto em mulheres. Existe uma
necessidade premente de encontrar uma forma eficaz de prevenir a
depressão pelas suas consequências durante este período crítico:
a baixa adesão ao pré-natal; aumento do risco de parto prematuro;
aumento do uso de álcool e drogas e problemas conjugais. De todos
estes efeitos, a interferência com a parentalidade é
particularmente importante dado poder afetar o posterior
desenvolvimento da criança.
Qual
o impacto no bebé?
A
interação precoce entre os pais e os seus bebés estabelece uma
base importante para as competências sociais, emocionais e
cognitivas posterioremente desenvolvidas pelas crianças. As
subtilezas da interação são afetadas drasticamente pela
preocupação excessivas dos pais dado que quando embuidos nos seus
próprios interesses ou emoções sem estratégias úteis para os
gerir, torna-se difícil perceber os sinais momentâneos que os seus
bebés lhes transmitem e que formarão a base de apego seguro e
desenvolvimento cognitivo.
Mindfulness,
Gravidez e Parentalidade
O
stress e o humor negativo durante a gravidez aumentam o risco de
distúrbios de humor pós-natal, podendo interferir com a vinculação
mãe-bebé e desenvolvimento da criança.
Num
estudo em que foi usado o protocolo do MBCP (Mindfulness-Based
Childbirth and Parenting), as mães que receberam a intervenção
mostraram uma redução significativa da ansiedade e humor negativo
durante o terceiro trimestre , em comparação com aquelas que não
receberam a intervenção. Diferentes pesquisas sustentam que o
Mindfulness diminui a depressão e ansiedade durante a gravidez e
aumenta a emoções positivas.
O
sucesso de intervenções baseadas em mindfulness noutros momentos do
ciclo de vida sugere que uma intervenção mindfulness perinatal pode
ser igualmente benéfica para as famílias em situação de risco de
problemas de saúde mental.
O
Mindfulness considera o potencial da atenção plena para os pais que
se preparam para o parto, com o objetivo de reverter o impacto
negativo que a tensão e o medo têm sobre o as capacidades maternas
e o período neonatal. A prática formal de Mindfulness na gravidez,
com um programa a que este período se adeque, promove a saúde e
competências parentais da família e as relações entre a sua rede
de suporte; gestão de ansiedade, dor, stress e depressão e prepara
os futuros pais com habilidades específicas para a transição para
a parentalidade.
Igualmente,
também tem a vantagem de poder melhorar a experiência e aquisição
de competências do bebé dado que treina a capacidade dos pais para
atender à experiência momento a momento, a auto-compaixão, sem
julgamento, para identificar e desconstruir pensamentos ruminativos
bem como aplicar o mindfulness às interações parentais.
Desta
forma, a prática de Mindfuness tem o potencial de reduzir o risco de
depressão perinatal e a ansiedade através do incentivo à aceitação
e atenção não-crítica da experiência. Por sua vez tal também
poderá reduzir a preocupação dos pais e aumentar a sua capacidade
de responder de uma forma sensível aos sinais e necessidades da
criança, apoiando assim o desenvolvimento infantil saudável
contrariando os efeitos negativos típicos da angústia pós-natal
sobre a interação mãe-bebé.
O
Mindfulness oferece aos pais a oportunidade de usar o periodo
transformador da gravidez e do parto para aprender a ser mindful
gerindo o stress, dor e medo que são uma parte natural desta viagem
ao desconhecido. Os pais, ao praticar estar no momento presente,
tornam-se capazes de viver esta transição de vida com maior
confiança, sabedoria e alegria. A prática da atenção plena
torna-se não só uma forma de viver a gravidez e o nascimento mas um
recurso ao longo da vida para viver com maior consciência, bondade e
cuidado.
Dicas
para ter uma Gravidez e Parentalidade Mindful
1.
Reduza a velocidade
A
gravidez pode ser uma grande oportunidade para respeitar o seu ritmo.
Tente
evitar ter uma agenda cheia e reserve algum tempo para si.
Se
neste momento percebe que demora mais tempo a realizar uma tarefa,
espere. Daqui a algum tempo estará a correr entre assentos de carro,
carrinhos, transportadoras, para não mencionar as fraldas que
parecem sempre ser precisadas de ser mudadas quando se prepara para
sair de casa, e uma infinidade de outras pequenas emergências.
As
palavras de Thich Nhat Hanh podem tornar-se no seu mantra: "Sorrir
, respirar e ir devagar. "
O
seu corpo vai apreciar este novo ritmo e o seu bebé (dentro ou fora
da barriga) pode sentir a sua ansiedade e também ficar grato se
adoptar um ritmo mais calmo.
2.
Será como tiver que ser
Conhecer
e pesquisar sobre o tipo de parto que você quer é um passo
importante para fazer uma escolha consciente. Mas é igualmente
valioso reconhecer que muitas vezes as coisas não correm conforme o
planeado.
E
embora seja verdade que ter um bebé saudável é a coisa mais
importante, ignorar ou enterrar a sua resposta emocional face a uma
alteração no tipo de parto irá tornar mais difícil a sua
aceitação bem como a predisposição para os primeiros momentos de
relação com o seu bebé.
Se
se confrontar com uma mudança indesejável, veja se pode dar a si
mesma um momento para experimentar tudo o que possa estar a sentir em
função deste ajuste . Sente-se . Respire . Então, talvez, possa
deixá-lo ir .
3.
Tenha uma boa noite de sono
É
um dos maiores desafios durante a gravidez e os primeiros tempos de
paternidade.
Contudo,
se se habituar a fazer sestas durante a gravidez, provavelmente será
mais fácil continuar este hábito depois do nascimento do seu bebé,
aproveitando o tempo em que ele dorme.
E
se o sono não vem facilmente, pode tentar algumas práticas de
meditação destinadas à consciência corporal.
4.
Adapte a sua prática ao bebé
A
sua prática de atenção plena irá inevitavelmente mudar quando o
bebé nascer.
O
que costumava ser uma prática diária de meditação durante 1h pode
acabar em 10 minutos de meditação durante a sesta do bebé e 10
minutos de atenção plena da respiração durante a amamentação ou
alimentação do seu bebé.
Pode
ser que daí por pouco tempo possa voltar à sua velha rotina, mas
tendo tempo para fazer breves práticas diárias pode fazer uma
enorme diferença no seu nível de energia, paciência e capacidade
de se envolver com o seu bebé de forma positiva e consciente.
Catarina Satúrio
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