O medo de ter medo. Talvez esse seja o mais impeditivo de se viver a vida que se quer. Não as grandes coisas, os grandes feitos, viagens ou conquistas. É quando o medo se entranha no costumeiro, na vida comum, no ir ao supermercado ou ao cinema. É aqui, precisamente nestas pequenas coisas que fazem parte do dia a dia que o Pânico mais se faz sentir na sua vertente castradora e impeditiva.
Para isso não é preciso que nalgum destes sítios tenha experienciado um ataque de pânico. Basta o que estes sítios possam representar - a impossibilidade de fuga, a crítica por serem coisas que todos fazem, a presença do outro que assiste ao seu ataque de pânico.
`
É na antecipação do pânico que começa a surgir o evitamento. O medo de ter medo. É aqui que o Pânico se torna nesta massa disforme e densa que a todo o custo quer evitar - tendemos para fugir do desagradável, o que aqui significa fugir das situações onde o pânico possa surgir.
É exactamente quando o pânico se torna nesta massa disforme e densa, que mal surge incita à fuga, que perde um importante contacto com a realidade - o de estar em contacto com o que surge dentro de si.
Se não fugir mal surgem os primeiros sintomas físicos do pânico, se puder adoptar a postura do observador do que se passa internamente consigo, o que observa? Como se pudesse apenas ser curioso acerca destes sintomas e destas emoções, sentindo-lhe os cambiantes, a forma como o coração dispara, se aperta, talvez ate acalme por uns segundos. O suor nas suas mãos, quem sabe a visão em túnel e a tontura.
Se se permitisse conhecer a "besta", aquela de que foge, ao invés de mergulhar nela ou fugir aos primeiros sinais, o que mudaria? Talvez o medo de ter medo.
Com certeza que expor-se desta forma ao pânico não é tarefa fácil - implica também um processo psicoterapêutico, aceitação e capacidade de se colocar na posição de observador (de sintomas, emoções e pensamentos). E não será também o que lhe pode permitir regular-se, perceber o gatilho, questionar-se o que precisa naquele momento para o que está a sentir?
Este caminho de curiosidade pode ser feito no seu processo psicoterapêutico.
Caso queira agendar uma consulta, pode contactar-me através do 914420361.
Um abraço.
Catarina Satúrio
Sem comentários:
Enviar um comentário