sexta-feira, 10 de abril de 2015

Esclerose Múltipla


Doenças degenerativas
Esta é uma doença inflamatória neuro degenerativa crónica e imprevisível. Os danos ao nível do Sistema Nervoso podem ser extensos e conduzir a incapacidades físicas e cognitivas. A incidência mundial da Esclerose Múltipla tem vindo a aumentar, estimando-se que cerc de 3,6/100,000 mulheres e 2,0/100,000 homens sofram desta doença.

Dados oriundos dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e China realçam a existência de comorbilidade com doenças do foro psiquiátrico. Diferentes estudos demonstram que existe uma prevalência de 16,5% e de 46% de Ansiedade e Depressão, respectivamente, nos doentes com Esclerose Múltipla. Os níveis de qualidade de vida nestes doentes estão na sua maioria diminuídos, o que poderá ser agravado não apenas pela incerteza na evolução da doença como também pela depressão. A existência de psicopatologia associada à Esclerose Múltipla apresenta uma relação directa com uma diminuição da adesão ao tratamento, aumento dos sintomas somáticos, e redução das competências sociais bem como das capacidades funcionais.

Tal como noutras doenças crónicas, a auto-eficácia é de extrema importância para os doentes com Esclerose Múltipla. O aumento da sensação de controlo e de aceitação podem diminuir o impacto físico e psicológico de sofrer de uma doença crónica e contribuir para melhorias clinicas tais como diminuição da fadiga.

As investigações mais recentes apontam para que a diminuição do stress seja um meio para gerir e reduzir a actividade da Esclerose Múltipla. De facto, a Terapia Cognitivo Comportamental já provou a sua eficácia, reduzindo os níveis de impregnação de gandolínio (que indicam as lesões activas) visíveis com recurso a Ressonâncias Magnéticas, durante o período em que decorre a terapia. Contudo, este efeito não é mantido após o término da terapia. As terapias baseadas nas técnicas de Mindfulness, porém, operam de forma diferente dado o forte enfase da prática diária individual e têm um efeito prolongado no tempo.

De facto, estudos levados a cabo na Suíça demonstraram que o treino de 8 semanas de Mindfulness tem resultados na redução da ansiedade, depressão, fadiga e dor bem como nas competências psicossociais, resultados esses que se continuaram a verificar após 6 meses do término do estudo e do treino de 8 semanas. No inicio da investigação, 65% dos participantes tinham níveis elevados de depressão, fadiga ou ansiedade, número esse que reduziu para 1/3 após a frequência do treino semanal de 2h30, complementado com a pratica diária individual de 40 minutos. O objectivo deste programa MBSR (Mindful-Based Stress Reduction) é o de criar uma consciência sem julgamento do que acontece no momento presente.

"MS quality of life, depression, and fatigue improve after mindfulness training: A randomized trial." P. Grossman, L. Kappos, H. Gensicke, M. D'Souza, D.C. Mohr, I.K. Penner, and C. Steiner. Neurology, Volume 75, Issue 13 : pp 1141-1149, published 28 September 2010.

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