DEPRESSÃO
O
que é?
Segundo
António Coimbra de Matos “A depressão é a ausência de
esperança, com retirada para o mundo da memória. A antecipação de
um porvir estimulante é aniquilada pela vivência da perda sentida
como irreparável e insubstituível. Nada ou pouco interessa e dá
prazer no presente real e pouco ou nada é imaginado como bom ou
apetecível no amanhã.”
Em
termos globais, a depressão
é uma Perturbação
do Humor
caracterizada por uma tristeza desadaptada, intensa, prolongada e
perturbadora, ausência de prazer e interesse, pessimismo,
isolamento, ruminação, falta de energia, insónia ou irritabilidade
que podem escalar até doenças psicossomáticas, sintomas psicóticos
e impulsos suicidas durante semanas, meses ou anos
Tipologia
- Depressão Major
Caracteriza-se
pela presença de 5
ou mais sintomas
durante
2
ou mais semanas:
-
Sintomas psicológicos: tristeza profunda, desespero, perda de prazer
no dia-a-dia (anedonia), culpa, falta de valor próprio, ruminação,
pensamentos recorrentes de morte ou suicídio e dificuldades de
concentração
-
Sintomas físicos: variações de peso e apetite, falta de energia,
lentificação ou agitação motora, perturbações do sono (insónia
inicial ou terminal, hipersónia)
Tem
vários subtipos:
1)
Psicótica:
com delírios
normalmente de perseguição, prática de pecados ou crimes
imperdoáveis, doenças incuráveis ou vergonhosas. Poderá existir
também alucinações
auditivas (ouvir vozes acusatórias) ou visuais
2)
Catatónica:
Lentificação
psicomotora severa
ou excessiva, desligamento
e, em alguns clientes, expressões faciais bizarras, imitação do
discurso (ecolalia) ou do movimento (ecopraxia)
3)
Melancólica:
Perda
de prazer em
quase todas as actividades, incapacidade em responder a estímulos
prazerosos, expressão emocional estática, culpa intensa, acordar
madrugador, lentificação ou agitação psicomotora e perda de peso
ou anorexia
4)
Ansiosa:
Sentimentos de tensão
e inquietude,
dificuldade de concentração devido a preocupação, medo
que algo horrível aconteça e de perder o autocontrolo
5)
Pós-parto:
Quando os sintomas surgem durante a gravidez
ou nas 4 semanas após o parto.
É muitas vezes acompanhada de ansiedade grave e até ataques de
pânico.
6)
Sazonal:
Quando os sintomas
surgem numa altura particular do ano (normalmente
Outono ou Inverno) com total remissão noutra. Esta relação
temporal deverá ser exibida pelo menos durante 2 anos.
7)
Atípica:
Humor
construtivo perante
estímulos positivos mas sensibilidade
à rejeição resultando
em intensos estados depressivos reativos a situações sentidas como
de crítica ou rejeição. Aumento de apetite e de peso, hipersónia.
Os sintomas têm tendência a aumentar à medida que o dia decorre
8)
Induzida
por substâncias ou medicamentos
9)
Devido
a outras condições médicas
- Distimia
Quadro
com sintomas depressivos de baixa
intensidade
que persistem 2
ou mais anos.
Tipicamente
inicia-se durante a adolescência e tem um percurso discreto durante
muitos anos ou décadas
A
distimia pode ser acompanhada de forma irregular por episódios de
depressão major
As
pessoas com distimia são, normalmente, “sombrias”, pessimistas,
com pouco sentido de humor, passivas, letárgicas, introvertidas,
hipercríticos de si próprios e dos outros e reclamam facilmente.
Comorbilidade
Indivíduos
com estados depressivos crónicos, quer seja distimia ou depressão
major, têm maior probabilidade de ter perturbações de ansiedade
(Ataques de pânico, ansiedade generalizada), perturbação
obsessivo-compulsiva, perturbação bipolar, perturbação pós-stress
traumático, perturbações alimentares e de auto-imagem, abuso de
substâncias ou perturbações de personalidade (Bordeline, Evitante,
Dependente, Narcísica, Histriónica).
Factores
de Risco
Existem
factores de risco biológicos e ambientais:
- Factores biológicos
- Neuroquímica: baixa Dopamina e Serotonina e desregulação na Adrenalina e Noradrenalina
- Hormonal: alterações ao nível do Estrogénio (estimula produção da serotonina); Testosterona (líbido, vitalidade física e psicológica); Progesterona (regula estrogénio); Cortisol (ligada ao stress) e Hipotiroidismo (reduzidas T3 e T4)
- Doenças físicas: Epilepsia; AVC; Doença de Parkinson; Esclerose múltipla; Doença cerebral degenerativa entre outras.
- Genética: pode explicar até metade da etiologia, mais comum em familiares em 1º grau de clientes depressivos, bipolares e em gémeos verdadeiros
- Factores ambientais:
- Trauma
- Abuso físico ou psicológico
- Perdas de vários tipos (relacionais, profissionais, etc.)
- Mudanças repentinas no contexto de vida
- Consumo de substâncias
- Isolamento social
- Perfecionismo
- Baixa auto-estima
Prevalência
A
depressão afecta todas as faixas etárias, continuando a ter maior
prevalência na idade adulta e é mais frequente em mulheres (2 para
1).
Antigamente,
a idade média do primeiro episódio depressivo major situava-se
entre os 40 e os 50 anos. Hoje em dia, situa-se na faixa dos 20.
Segundo
a European
Alliance Against Depression
(EAAD), Portugal é o país da Europa com maior taxa de depressão e
o segundo maior do mundo (1 em cada 4) e atrás dos USA.
Índice
de Mortalidade
Dois
terços das pessoas que se suicidam sofrem de depressão na altura da
sua morte
Portugal
é o terceiro país europeu onde o suicídio mais aumentou nos
últimos quinze anos (5 por dia)
Vários
estudos afirmam que em 2020, a depressão será a 2ª causa de morte
logo a seguir das patologias cardíacas.
Tratamento
A
depressão tem tratamento.
Antes
de procurar ajuda procure adoptar um estilo de vida anti-depressivo:
-
Dieta equilibrada, com alimentos ricos em vitaminas do complexo B
(cereais, verduras, feijão, frango e ovos), C (citrinos e vegetais)
e Ômega 3 (peixes gordos)
-
Exposição solar (vitamina D)
-
Dormir 8 horas por dia
-
30 minutos de actividade física diária
Não
tenha vergonha de pedir ajuda. A depressão é um problema
internacional de saúde pública que pode matar.
Procure
ajuda psicoterapêutica. Está cientificamente provada a sua
eficácia, existindo várias abordagens possíveis
(Cognitivo-Comportamental, Terapia Focada nas Emoções, EMDR,
terapia existencial, Mindfulness, entre outras). Como cada caso é um
caso, na Psinove privilegiamos um modelo de intervenção
integrativo, usando várias abordagens de forma responsiva a cada
indivíduo.
Em
casos mais graves articulamos com psiquiatria.
Referências
American
Psychiatric Association (2013). Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders (5thed):
DSM-V.
Washington: Author
Coimbra
de Matos, A. (2001). A
Depressão. Lisboa:
Climepsi.
Catarina Satúrio
Catarina Barra Vaz
Sem comentários:
Enviar um comentário