DOENÇA
BIPOLAR
O
que é?
A
Doença Bipolar,
anteriormente denominada de doença maníaco-depressiva é uma
Perturbação do Humor
que implica a presença ou história de Episódios Maníacos ou
Hipomaníacos, habitualmente concomitantes com a existência de
Episódios Depressivos Major (DSM-V, 2013).
Tipologia
Existem
três tipos de doença bipolar:
Bipolar
I – caracteriza-se pela presença de uma
ou mais episódios maníacos, que pode ser precedido ou seguido de
episódios hipomaníacos ou depressivos major.
Bipolar
II – caracteriza-se pela presença de um
episódio de depressão major, precedido ou seguido por um episódio
hipomaníaco
Ciclotimia
– Perturbação
do humor crónica e instável que engloba períodos de sintomas
hipomaníacos e depressivos que não são em número, intensidade,
duração e globalidade suficientes para se enquadrarem num Episódio
Maníaco e Episódio Depressivo Major, respectivamente. Para que a
Ciclotimia possa ser diagnosticada, é necessário que durante um
período de dois anos (um ano para crianças ou adolescentes), a
pessoa não esteja isenta dos sintomas por mais de dois meses
seguidos e que nos 2 primeiros anos da perturbação, não ocorra
nenhum Episódio Depressivo Major ou Maníaco.
Sintomatologia
- Episódio Maníaco
Estado
de humor expansivo, elevado, eufórico ou irritável com aumento de
actividade ou energia durante pelo menos uma
semana durante o qual ocorrem 3 ou mais dos
seguintes sintomas:
-
Aumento da auto-estima, sentimentos de grandiosidade
-
Diminuição da necessidade de dormir
- Maior
necessidade de falar
- Fuga
de ideias ou pensamento acelerado
-
Distractibilidade
-
Grande dedicação a tarefas orientadas por objectivos ou agitação
psicomotora
-
Envolvimento excessivo em actividades de risco em actividade de
prazer, nomeadamente despesas excessivas e sexo
- Perda
da noção de realidade, delírios ou alucinações auditivas.
- Episódio Hipomaníaco
Apenas
difere do episódio maníaco na sua duração: mínimo de 4
dias consecutivos.
- Episódio Depressivo Major
Estado
de humor depressivo durante o mínimo de duas
semanas acompanhado por 4 ou mais dos
seguintes sintomas:
-
Diminuição do interesse ou prazer na maior parte das actividades
-
Diminuição ou aumento de peso ou apetite, sem estar em dieta
alimentar
-
Insónia ou hipersónia quase todos os dias
-
Agitação ou lentificação psicomotora
-
Fadiga ou perda de energia
-
Sentimentos de inutilidade ou de culpa excessiva
-
Dificuldade
de concentração
-
Ideação suicida
Comorbilidade
Doença
Bipolar I - Perturbação
de Pânico, Fobia Social, Perturbação por Hiperactividade/Défice
da Atenção e Perturbações Relacionadas com Substâncias.
Doença
Bipolar II - Perturbação de
Pânico, Fobia Social, Perturbações Relacionadas com Substâncias e
Perturbações Alimentares.
Ciclotimia
- Perturbações Relacionadas com Substâncias e Perturbações do
Sono.
Factores
de Risco
Os
factores biológicos têm maior peso na ocorrência da Doença
Bipolar.
Um
desequilíbrio nos níveis de um ou mais neurotransmissores
(noradrenalina, serotonina e dopamina) pode conduzir ao aparecimento
da doença bipolar.
Vários
estudos demonstram predisposição genética para a doença bipolar
sendo este o maior factor de risco. A magnitude do risco diminui com
os graus de parentesco: pais, irmãos e avós.
Contudo,
factores ambientais como acontecimentos de vida stressantes (morte de
uma familiar, desemprego, etc) parecem ter um papel importante no
desencadear da doença.
Prevalência
e evolução
A
Doença Bipolar afecta cerca de 1.5% da população (Jones, 2004) e
vários estudos epidemiológicos indicam que a Doença Bipolar ocorre
igualmente em homens e mulheres.
Quanto
à idade média de ocorrência: 18 anos na Doença Bipolar I, 25 anos
na Doença Bipolar II e adolescência na Ciclotimia (nesta última há
um risco variável entre 15% a 50% de que a pessoa desenvolva uma
Doença Bipolar I ou II)
Tratamento
Sabia
que muitos famosos nossos contemporâneos como a actriz Catherine
Zeta-Jones, o actor Jim Carey a cantora Rita Lee e o bilionário Ted
Turner têm doença bipolar e vivem de forma funcional com a mesma?
A
Doença Bipolar é uma condição crónica. Não há nenhum
tratamento que a cure por completo mas é possível controlá-la,
diminuindo o número de recaídas.
É
fundamental o tratamento farmacológico, normalmente estabilizadores
de humor como o Lítio, prescritos por médico psiquiatra.
Contudo,
segundo Jones (2004) 1/3 dos pacientes continua a apresentar
recaídas, apesar do tratamento preventivo com lítio elo que o apoio
psicológico, individual e familiar é essencial na adaptação à
doença.
A
Psicoeducação pode fornecer às famílias, cuidadores e aos doentes
informações sobre a doença e respectivo tratamento, tendo como
objectivo a aceitação da doença e tratamento. A Psicoeducação
adquire igualmente importância na adesão à medicação, o
evitamento do abuso de substâncias e a identificação de sintomas
de recaída.
A
terapia cognitivo-comportamental em doentes com Doença Bipolar reduz
o número de recaídas nos episódios maníacos, nos episódios
totais e nos episódios hipomaníacos bem como uma diminuição do
número de episódios de depressão, mania e hipomania.
A
terapia familiar (TF), pretende melhorar o conhecimento sobre a
doença, realçar o funcionamento global do paciente, assim como
focar a forma de lidar com o stress, verificando-se com esta terapia
um aumento da adesão à medicação. O método utilizado pela TF
envolve fases de avaliação, educação sobre a doença,
aperfeiçoamento das capacidades de comunicação bem como da
capacidade de resolução de problemas, com a família.
Referências
American
Psychiatric Association (2013). Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders (5thed):
DSM-V.
Washington:
Author
Jones,
S. (2004). Psychotherapy of bipolar disorder: a review. Journal of
Affective Disorders, 80, 101-114.
Catarina Satúrio
Catarina Barra Vaz
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