segunda-feira, 13 de abril de 2015

Transtorno Bipolar

DOENÇA BIPOLAR
Perturbação do humor


O que é?
A Doença Bipolar, anteriormente denominada de doença maníaco-depressiva é uma Perturbação do Humor que implica a presença ou história de Episódios Maníacos ou Hipomaníacos, habitualmente concomitantes com a existência de Episódios Depressivos Major (DSM-V, 2013).


Tipologia
Existem três tipos de doença bipolar:
Bipolar I – caracteriza-se pela presença de uma ou mais episódios maníacos, que pode ser precedido ou seguido de episódios hipomaníacos ou depressivos major.
Bipolar II – caracteriza-se pela presença de um episódio de depressão major, precedido ou seguido por um episódio hipomaníaco
Ciclotimia Perturbação do humor crónica e instável que engloba períodos de sintomas hipomaníacos e depressivos que não são em número, intensidade, duração e globalidade suficientes para se enquadrarem num Episódio Maníaco e Episódio Depressivo Major, respectivamente. Para que a Ciclotimia possa ser diagnosticada, é necessário que durante um período de dois anos (um ano para crianças ou adolescentes), a pessoa não esteja isenta dos sintomas por mais de dois meses seguidos e que nos 2 primeiros anos da perturbação, não ocorra nenhum Episódio Depressivo Major ou Maníaco.


Sintomatologia
  • Episódio Maníaco
Estado de humor expansivo, elevado, eufórico ou irritável com aumento de actividade ou energia durante pelo menos uma semana durante o qual ocorrem 3 ou mais dos seguintes sintomas:
- Aumento da auto-estima, sentimentos de grandiosidade
- Diminuição da necessidade de dormir
- Maior necessidade de falar
- Fuga de ideias ou pensamento acelerado
- Distractibilidade
- Grande dedicação a tarefas orientadas por objectivos ou agitação psicomotora
- Envolvimento excessivo em actividades de risco em actividade de prazer, nomeadamente despesas excessivas e sexo
- Perda da noção de realidade, delírios ou alucinações auditivas.


  • Episódio Hipomaníaco
Apenas difere do episódio maníaco na sua duração: mínimo de 4 dias consecutivos.


  • Episódio Depressivo Major
Estado de humor depressivo durante o mínimo de duas semanas acompanhado por 4 ou mais dos seguintes sintomas:
- Diminuição do interesse ou prazer na maior parte das actividades
- Diminuição ou aumento de peso ou apetite, sem estar em dieta alimentar
- Insónia ou hipersónia quase todos os dias
- Agitação ou lentificação psicomotora
- Fadiga ou perda de energia
- Sentimentos de inutilidade ou de culpa excessiva
- Dificuldade de concentração
- Ideação suicida


Comorbilidade
Doença Bipolar I - Perturbação de Pânico, Fobia Social, Perturbação por Hiperactividade/Défice da Atenção e Perturbações Relacionadas com Substâncias.
Doença Bipolar II - Perturbação de Pânico, Fobia Social, Perturbações Relacionadas com Substâncias e Perturbações Alimentares.
Ciclotimia - Perturbações Relacionadas com Substâncias e Perturbações do Sono.


Factores de Risco
Os factores biológicos têm maior peso na ocorrência da Doença Bipolar.
Um desequilíbrio nos níveis de um ou mais neurotransmissores (noradrenalina, serotonina e dopamina) pode conduzir ao aparecimento da doença bipolar.
Vários estudos demonstram predisposição genética para a doença bipolar sendo este o maior factor de risco. A magnitude do risco diminui com os graus de parentesco: pais, irmãos e avós.
Contudo, factores ambientais como acontecimentos de vida stressantes (morte de uma familiar, desemprego, etc) parecem ter um papel importante no desencadear da doença.


Prevalência e evolução
A Doença Bipolar afecta cerca de 1.5% da população (Jones, 2004) e vários estudos epidemiológicos indicam que a Doença Bipolar ocorre igualmente em homens e mulheres.
Quanto à idade média de ocorrência: 18 anos na Doença Bipolar I, 25 anos na Doença Bipolar II e adolescência na Ciclotimia (nesta última há um risco variável entre 15% a 50% de que a pessoa desenvolva uma Doença Bipolar I ou II)


Tratamento
Sabia que muitos famosos nossos contemporâneos como a actriz Catherine Zeta-Jones, o actor Jim Carey a cantora Rita Lee e o bilionário Ted Turner têm doença bipolar e vivem de forma funcional com a mesma?
A Doença Bipolar é uma condição crónica. Não há nenhum tratamento que a cure por completo mas é possível controlá-la, diminuindo o número de recaídas.
É fundamental o tratamento farmacológico, normalmente estabilizadores de humor como o Lítio, prescritos por médico psiquiatra.
Contudo, segundo Jones (2004) 1/3 dos pacientes continua a apresentar recaídas, apesar do tratamento preventivo com lítio elo que o apoio psicológico, individual e familiar é essencial na adaptação à doença.
A Psicoeducação pode fornecer às famílias, cuidadores e aos doentes informações sobre a doença e respectivo tratamento, tendo como objectivo a aceitação da doença e tratamento. A Psicoeducação adquire igualmente importância na adesão à medicação, o evitamento do abuso de substâncias e a identificação de sintomas de recaída.
A terapia cognitivo-comportamental em doentes com Doença Bipolar reduz o número de recaídas nos episódios maníacos, nos episódios totais e nos episódios hipomaníacos bem como uma diminuição do número de episódios de depressão, mania e hipomania.
A terapia familiar (TF), pretende melhorar o conhecimento sobre a doença, realçar o funcionamento global do paciente, assim como focar a forma de lidar com o stress, verificando-se com esta terapia um aumento da adesão à medicação. O método utilizado pela TF envolve fases de avaliação, educação sobre a doença, aperfeiçoamento das capacidades de comunicação bem como da capacidade de resolução de problemas, com a família.


Referências
American Psychiatric Association (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5thed): DSM-V. Washington: Author
Jones, S. (2004). Psychotherapy of bipolar disorder: a review. Journal of Affective Disorders, 80, 101-114.
Catarina Satúrio

Catarina Barra Vaz

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