Especialista em Perturbações de Pânico Psicoterapeuta com consultórios em Carcavelos e Lisboa. Marcação de consultas - 914420361
domingo, 19 de abril de 2015
Relacionar-se com os pensamentos
Atenção Plena dos Sons e Pensamentos
Os sons são tão convincentes quanto os
pensamentos e igualmente imateriais e interpretáveis. Por esta razão, a Atenção
Plena dos Sons e Pensamentos revela como a mente evoca pensamentos que podem
facilmente induzir-nos em erro. Assim que toma consciência deste facto, muitos
dos seus problemas vão simplesmente desaparecer.
Esta meditação faz parte do programa do MBCT
(Mindfulness Based Cognitive Therapy) co-desenvolvido pelo professor Mark
Williams, da Universidade de Oxford. A eficácia do programa do MBCT para tratar
e prevenir a ansiedade, stress, depressão, infelicidade e exaustão tem sido
comprovada por inúmeros ensaios clínicos.
.
Por que
meditar sobre Sons e pensamentos?
Estamos imersos numa paisagem sonora de enorme
profundidade e variedade. Basta parar por um momento para ouvir. O que ouve? No
inicio pode perceber um burburinho pulsante geral e abrangente de ruído. Pode
ser capaz de escolher sons individuais. Pode reconhecer uma voz amiga, um rádio
noutro andar do edifício, uma porta a bater, o ruido de carros a passar, uma
sirene ao longe, o zumbido do ar condicionado, um avião. A lista é
interminável. Mesmo quando está numa sala silenciosa, pode perceber sons
abafados. Pode ser a sua respiração enquanto se move através das suas narinas,
ou o ranger do soalho ou um sistema de aquecimento. Mesmo o silêncio contém
sons.
Esta paisagem
sonora constante é semelhante ao seu fluxo de pensamento.
A Atenção Plena dos Sons e Pensamentos revela
gradualmente as semelhanças entre o som
e o pensamento. Ambos aparecem como que do nada. Ambos podem parecer aleatórios
e não temos nenhum controlo sobre o seu surgimento. Ambos são extremamente
poderosos e despoletam impulsos, provocando emoções poderosas que podem facilmente
arrastar-nos com elas.
Os pensamentos vêm como que do nada. Assim como o
ouvido é o órgão que recebe os sons, a mente é o órgão que recebe pensamentos.
Assim como é difícil ouvir os sons sem ativar um conceito correspondente na
mente, como "carro", "voz" ou "aquecimento
central", do mesmo modo qualquer
pensamento activa uma rede de associações. Antes que tenha consciência disso, a
mente saltou e vinculou-se a um passado que tinha há muito esquecido ou a um
futuro que já foi totalmente idealizado e que encontra pouco sustento na
realidade. Pode começar a sentir raiva, tristeza, ansiedade, stress ou amargura
- só porque um pensamento desencadeou uma avalanche de associações.
A Atenção Plena de Sons e Pensamentos ajuda-o a
perceber que pode relacionar-se com pensamentos perturbadores da mesma maneira
que se relaciona com os sons. Os seus pensamentos podem ser comparados a um
rádio que foi deixado em segundo plano. Você pode ouvir - ou melhor observar,
mas não precisa de elaborar sobre o que
recebe ou agir sobre o que sente. Não
costuma sentir a necessidade de pensar ou comportar-se de uma determinada
maneira que uma voz no rádio lhe ordena - então por que deve cegamente assumir
que os seus pensamentos retratam uma imagem infalivelmente precisa do mundo? Os
seus pensamentos são pensamentos. Eles são seus servos. Não importa quão alto
eles gritam, eles não são o seu mestre, dando ordens que devem ser obedecidas.
Essa constatação dá-lhe uma imensa liberdade; retira o gatilho e dá-lhe o
espaço para tomar decisões mais adequadas - decisões que podem ser feitas com a
sua mente quando está em plena consciência.
Há dois
elementos-chave para a Atenção Plena dos Sons e Pensamentos - Receber e Notar
Receber
"Recebemos" sons à medida que eles vêm
e vão. Vemos o corpo como se fosse um microfone vivo que recebe
indiscriminadamente sons como vibrações no ar. Sintonizamo-nos com as sensações
cruas de cada som com seu próprio volume, tom, padrão e duração. Da mesma forma
passamos de receber sons para "receber" pensamentos e todas as
emoções a eles associadas - vendo o momento em que eles aparecem, vendo quanto
tempo eles permanecem e o momento em que
se dissolvem.
Notar
Notamos as camadas de significado que adicionamos
à experiência da escuta. Podemos descobrir que temos o hábito de rotulá-los,
perseguindo aqueles de que gostamos ou rejeitando aqueles de que não gostamos.
Podemos notar isso mal tomamos consciência de que o estamos a fazer e, em
seguida, simplesmente voltar para a Atenção Plena dos Sons. Da mesma forma,
percebemos os pensamentos e sentimentos e permanecemos conscientes da forma
como eles criam associações e histórias e quão fácil é ser sugado para dentro
deste cenário.
Atenção Plena dos
Sons e Pensamentos
Trazendo-se para o momento presente através da
respiração e do corpo
1. Encontre uma posição sentada, em que a coluna
possa sustentá-lo, com as costas direitas, mas não de forma contraída, com os
ombros relaxados, cabeça e pescoço equilibrados e queixo ligeiramente metido
para dentro.
2. Traga a sua atenção para os movimentos da
respiração no corpo por alguns minutos, até que se sinta suficientemente
assente. Em seguida, expanda a sua atenção para tomar o corpo como um todo,
como se todo o corpo estivesse a respirar, ajudando-o a estar ciente de todas
as sensações na paisagem interior do corpo.
3. Dedique um momento a praticar a consciência da
respiração e do corpo, desta forma, lembrando-se que na prática que se
segue pode sempre voltar para a
respiração e para o corpo para ancorar-se ao momento presente se a sua mente
estiver muito agitada.
Sons
4. Agora, quando estiver pronto, deixe o foco da
sua atenção sair da consciência das suas sensações físicas para a audição -
aberta aos sons que possam surgir.
5. Não há necessidade de ir à procura de sons ou
estar atento a sons em particular. Em
vez disso, o melhor que puder, simplesmente permaneça aberto, de modo a estar
receptivo à consciência dos sons que o rodeiam à medida que vão surgindo -
soando próximos, à sua frente, atrás de
si ou ao seu lado, acima ou abaixo. Desta forma, está a abrir-se a todo o
espaço sonoro em seu redor: a "paisagem sonora". Talvez perceba como
os sons óbvios podem facilmente ocultar os
mais subtis; notando um espaço entre os sons em momentos de relativa
calma.
6. O melhor que puder, esteja ciente dos sons
simplesmente como sons, como sensações cruas. Observe a tendência que todos
temos de rotular um som assim que este é escutado (carro, comboio, voz, ar
condicionado, rádio), e veja se é possível simplesmente perceber essa rotulagem
e de seguida reorientar a sua consciência para além do rótulo, para as
sensações brutas dos próprios sons (incluindo os sons dentro de sons).
7. Pode achar que está a pensar sobre os sons.
Veja se é possível reconectar-se com a consciência directa das suas qualidades
sensoriais (padrões de afinação, timbre, intensidade e duração), em vez dos
seus significados, implicações ou histórias sobre eles.
8. Sempre que notar que a sua consciência não
está focada nos sons, reconheça suavemente esta mudança de foco para , em
seguida, sintonizar a atenção de volta aos sons - à forma como eles surgem e
desaparecem a cada momento.
9. Agora,
depois de ter dedicado alguns momentos à consciência dos sons, deixe-os ir, largando-os
suavemente.
Pensamentos
10. Agora, mude o seu foco atencional de modo a
que os seus pensamentos estejam no centro da sua consciência - veja-os, da
melhor maneira possível, como eventos na mente.
11. Da mesma forma que fez com os sons, onde foi
percebendo o seu surgimento, permanência e desaparecimento, da melhor maneira
possível, observe os pensamentos que surgem na mente, percebendo quando surgem,
vendo como permanecem no espaço da mente (como nuvens que se deslocam através
do céu da mente). Eventualmente, veja se
pode detectar o momento em que se
dissolvem.
12. Não há necessidade de tentar fazer com que os
pensamentos surjam ou desapareçam. Da mesma forma que se relacionou com o
surgimento e desaparecimento dos sons, deixe os pensamentos vir e ir por conta
própria.
13. Assim como as nuvens que se deslocam através
de um vasto céu são por vezes escuras e tempestuosas e outras leves e macias,
do mesmo modo os pensamentos podem assumir diferentes formas. Às vezes as
nuvens enchem o céu inteiro. Às vezes, limpam completamente, deixando o céu sem
nuvens.
14. Pode também prestar atenção aos pensamentos
na mente, da mesma forma que faria se os pensamentos fossem projectados na tela
no cinema - senta-se, observa, esperando
por um pensamento ou imagem surgir. Quando isso acontecer, tenha consciência
deles, desde que surgem 'na tela', e
então deixe-os ir, assim que se tornarem mais distante. Observe quando é
atraído para o filme, saltando para dentro da tela. Quando se tornar ciente
disso, congratule-se por esta percepção e, em seguida, retorne para o seu lugar
e espere pacientemente que a próxima sequência de pensamentos surja, como
certamente o fará.
15. Se algum pensamento trouxer consigo uma
intensa carga emocional, agradável ou desagradável, o melhor que puder, observe
estas emoções e a sua intensidade e deixe que os pensamentos sejam o que são,
não tentando mudá-los ou reagir-lhes.
16. Lembre-se que se em algum momento sentir que
sua mente perdeu o foco e ficou dispersa ou se continua a ser repetidamente
arrastado para uma história criada pelo seu pensamento, pode voltar para a
respiração e para a sensação do corpo como um todo e usar esse foco para
ancorar e estabilizar a sua consciência de volta para o momento presente.
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técnicas para gestão de ansiedade
Local:
Carcavelos, Portugal
segunda-feira, 13 de abril de 2015
Ataques de Pânico
Um ataque de pânico é a aparição repentina de uma
avassaladora sensação de ansiedade e medo
atingindo o seu pico ao fim de 10 minutos e atenuando em 20 ou 30
minutos.
Os sintomas mais referidos são:
Ritmo
cardíaco acelerado
Sensação
de desmaio
Dificuldade
em respirar ou hiperventilação
Sensação
de estar a morrer
Medo
intenso de enlouquecer ou de perder o controlo
Dor
ou desconforto na zona do peito
Tremores
Sensação
de despersonalização (como se o corpo não lhe pertencesse) ou de
desrealização.
Náuseas
Dormência
ou formigueiro nas mãos, braços, pernas ou pés
Sensação
de frio ou calor intenso
Se não forem alvo de intervenção, podem originar uma
Perturbação de Pânico e/ou outros problemas como o isolamento
social. Quanto mais rapidamente procurar ajuda, melhor o prognóstico
de intervenção e recuperação.
Como acontecem os ataques de pânico
A
verdade e que todos temos uma resposta física ao stress.
Podemos sentir-nos
ansiosos quando surge um problema no nosso local de trabalho, quando
temos um exame na escola ou uma decisão importante a tomar. Porem,
para alguém que tem ataques de pânico, estas pressões externas
despoletam reações físicas intensas, como se estivessem a ser
atacadas por um leão. A adrenalina dispara e o corpo e a mente têm
uma resposta de fuga ou ataque face ao perigo percebido.
Contudo os ataques de
pânico são duplamente assustadores dado que não existe um perigo
real que os provoque e, assim sendo, podem acontecer a qualquer
momento e em qualquer situação.
Ao longo do tempo,
muitas das pessoas que sofrem de ataques de pânico revelam ter
desenvolvido “medo de ter medo” de ter outro ataque de pânico.
Tal pode inibir a normal realização das suas retinas e diminuir
seriamente a sua qualidade de vida. No extremo, algumas pessoas
recusam-se a sair de suas casas ou a regressar a locais onde já
tiveram um episódio de pânico.
Os ataques de pânico podem ocorrer apenas uma vez, no
entanto, muitas pessoas relatam repetidos episódios. Os ataques de
pânico recorrentes muitas vezes são accionados por situações
específicas como atravessar uma ponte, falar em público ou ficar
sozinho/a inesperadamente – especialmente se essa situação já
provocou anteriormente um ataque de pânico. As características de
uma situação indutora de pânico são situações em que nos
sentimos em perigo e somos incapazes de sair dela.
É comum o aparecimento de ataques de pânico em etapas
de mudança na vida das pessoas como mudar de escola, entrar no
mercado de trabalho, mudar de país, casar ou ter filhos. Situações
geradoras de muita ansiedade como a morte de uma pessoa próxima, o
aparecimento de uma doença grave, divórcio ou perda de emprego
podem activar um ataque de pânico.
O Verão pode ainda ser uma estação predominantemente
relacionada com os ataques de pânico, como mostram vários estudos,
uma vez que as temperaturas elevadas podem despoletar vários dos
sintomas a eles associados (como o aumento do ritmo cardíaco e a
sensação de falta de ar).
Alguns
catalisadores dos Ataques de Pânico:
Ansiedade
Antecipatória: A
sua mente está focada num evento passado traumático e o seu corpo
responde como se esse evento estivesse a acontecer neste momento.
Visualização
auto-destrutiva:
Pode temer perder o controlo da situação presente. Interpreta a
situação como potencialmente perigosa e o seu corpo segrega
adrenalina preparando-se para lidar com o perigo.
O
seu corpo em alerta. O
cérebro envia uma mensagem ao seu corpo para protege-lo face ao
perigo percebido. Assim, o seu ritmo cardíaco aumenta para que o
sangue circule mais rapidamente até aos seus órgãos vitais, a
respiração acelera para oxigenar o sangue que circula e os seus
músculos tensionam-se para que possa mover-se mais rapidamente.
A
sua mente fica presa aos pensamentos catastróficos. Em
vez de reagir no sentido de resolver o problema percepcionado, fica
preso no perigo percebido e incapaz de deixar o medo ir.
A sua respiração acelera. Durante
um ataque de pânico, a sua respiração acelera para que possa ter
mais oxigénio disponível para o sangue. Neste processo, os seus
pulmões exalam mais dióxido de carbono do que o produzido pelas
suas células, diminuindo os níveis de dióxido de carbono no sangue
e no cérebro.
O que pode fazer?
Aprender sobre o pânico
– Recolher informação sobre este tipo de condição ajudar
bastante a relacionar-se com a ansiedade e o medo.
Evitar cigarros e cafeína
– Estes dois produtos podem provocar ataques de pânico em pessoas
susceptíveis.
Aprender a controlar a respiração
– A hiperventilação que sente durante um ataque de pânico
promove muitas das sensações que o acompanham (tonturas, aperto/dor
no peito). Uma forma de controlar esses sintomas é através da
respiração, controlando a entrada e saída de ar e equilibrando os
níveis de oxigénio e dióxido de carbono no corpo.
Praticar técnicas de relaxamento
– Se tiver experiência de prática de yoga, meditação ou
técnicas de relaxamento muscular progressivo poderá utilizá-la
para fornecer ao corpo a indicação para relaxar em vez de entrar em
ansiedade. Irá sentir não só um aumento de relaxamento, como
sensações de bem-estar e de plenitude. Encontre espaço para estas
práticas diariamente
Se nada disto melhorar os ataques de pânico: procure
um psicólogo!
Existem várias técnicas/abordagens eficazes na
intervenção com ataques de pânico, nomeadamente:
Terapia Cognitivo-Comportamental
– Foca-se nos seus padrões de pensamento e naqueles que poderão
estar a contribuir para a ansiedade, promovendo formas mais
adaptativas de pensar/agir quando está a ter um ataque de pânico ou
em situações de ansiedade intensa. Normalmente são identificadas
as situações ou comportamentos que iniciam os seus ataques de
pânico (acontecimento gatilho) e os comportamentos que os mantêm.
Esta abordagem ajuda a olhar o medo e a ansiedade de uma forma mais
realista e menos assustadora.
Terapia de exposição para ataques de pânico
– Nesta abordagem (que pode e deve ser complementada com a
anterior), será exposto/a às condições e sensações físicas do
ataque de pânico num ambiente controlado e seguro para que seja
possível aprender estratégias para lidar com o ataque de pânico.
Pode-lhe ser pedido que respire muito depressa para simular a
hiperventilação, que abane rapidamente a cabeça para simular a
sensação de tontura e permitir que se habitue a lidar com as
sensações físicas do ataque de pânico. Imaginar determinados
locais ou acontecimentos potenciadores de um ataque de pânico pode
também ser uma das formas de trabalhar a forma como vai lidando com
ele, até ser efectivamente levado a esses locais, no final da
terapia de exposição e com todas as estratégias aprendidas
entretanto.
Dessensibilização
e Reprocessamento através do Movimento Ocular (EMDR)
Através desta abordagem são atingidos resultados rápidos tanto
sobre os episódios potencialmente traumáticos vividos como nos
“gatilhos” que promovem os ataques de pânico.
Catarina Satúrio
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Local:
Carcavelos, Portugal
Depressão
DEPRESSÃO
O
que é?
Segundo
António Coimbra de Matos “A depressão é a ausência de
esperança, com retirada para o mundo da memória. A antecipação de
um porvir estimulante é aniquilada pela vivência da perda sentida
como irreparável e insubstituível. Nada ou pouco interessa e dá
prazer no presente real e pouco ou nada é imaginado como bom ou
apetecível no amanhã.”
Em
termos globais, a depressão
é uma Perturbação
do Humor
caracterizada por uma tristeza desadaptada, intensa, prolongada e
perturbadora, ausência de prazer e interesse, pessimismo,
isolamento, ruminação, falta de energia, insónia ou irritabilidade
que podem escalar até doenças psicossomáticas, sintomas psicóticos
e impulsos suicidas durante semanas, meses ou anos
Tipologia
- Depressão Major
Caracteriza-se
pela presença de 5
ou mais sintomas
durante
2
ou mais semanas:
-
Sintomas psicológicos: tristeza profunda, desespero, perda de prazer
no dia-a-dia (anedonia), culpa, falta de valor próprio, ruminação,
pensamentos recorrentes de morte ou suicídio e dificuldades de
concentração
-
Sintomas físicos: variações de peso e apetite, falta de energia,
lentificação ou agitação motora, perturbações do sono (insónia
inicial ou terminal, hipersónia)
Tem
vários subtipos:
1)
Psicótica:
com delírios
normalmente de perseguição, prática de pecados ou crimes
imperdoáveis, doenças incuráveis ou vergonhosas. Poderá existir
também alucinações
auditivas (ouvir vozes acusatórias) ou visuais
2)
Catatónica:
Lentificação
psicomotora severa
ou excessiva, desligamento
e, em alguns clientes, expressões faciais bizarras, imitação do
discurso (ecolalia) ou do movimento (ecopraxia)
3)
Melancólica:
Perda
de prazer em
quase todas as actividades, incapacidade em responder a estímulos
prazerosos, expressão emocional estática, culpa intensa, acordar
madrugador, lentificação ou agitação psicomotora e perda de peso
ou anorexia
4)
Ansiosa:
Sentimentos de tensão
e inquietude,
dificuldade de concentração devido a preocupação, medo
que algo horrível aconteça e de perder o autocontrolo
5)
Pós-parto:
Quando os sintomas surgem durante a gravidez
ou nas 4 semanas após o parto.
É muitas vezes acompanhada de ansiedade grave e até ataques de
pânico.
6)
Sazonal:
Quando os sintomas
surgem numa altura particular do ano (normalmente
Outono ou Inverno) com total remissão noutra. Esta relação
temporal deverá ser exibida pelo menos durante 2 anos.
7)
Atípica:
Humor
construtivo perante
estímulos positivos mas sensibilidade
à rejeição resultando
em intensos estados depressivos reativos a situações sentidas como
de crítica ou rejeição. Aumento de apetite e de peso, hipersónia.
Os sintomas têm tendência a aumentar à medida que o dia decorre
8)
Induzida
por substâncias ou medicamentos
9)
Devido
a outras condições médicas
- Distimia
Quadro
com sintomas depressivos de baixa
intensidade
que persistem 2
ou mais anos.
Tipicamente
inicia-se durante a adolescência e tem um percurso discreto durante
muitos anos ou décadas
A
distimia pode ser acompanhada de forma irregular por episódios de
depressão major
As
pessoas com distimia são, normalmente, “sombrias”, pessimistas,
com pouco sentido de humor, passivas, letárgicas, introvertidas,
hipercríticos de si próprios e dos outros e reclamam facilmente.
Comorbilidade
Indivíduos
com estados depressivos crónicos, quer seja distimia ou depressão
major, têm maior probabilidade de ter perturbações de ansiedade
(Ataques de pânico, ansiedade generalizada), perturbação
obsessivo-compulsiva, perturbação bipolar, perturbação pós-stress
traumático, perturbações alimentares e de auto-imagem, abuso de
substâncias ou perturbações de personalidade (Bordeline, Evitante,
Dependente, Narcísica, Histriónica).
Factores
de Risco
Existem
factores de risco biológicos e ambientais:
- Factores biológicos
- Neuroquímica: baixa Dopamina e Serotonina e desregulação na Adrenalina e Noradrenalina
- Hormonal: alterações ao nível do Estrogénio (estimula produção da serotonina); Testosterona (líbido, vitalidade física e psicológica); Progesterona (regula estrogénio); Cortisol (ligada ao stress) e Hipotiroidismo (reduzidas T3 e T4)
- Doenças físicas: Epilepsia; AVC; Doença de Parkinson; Esclerose múltipla; Doença cerebral degenerativa entre outras.
- Genética: pode explicar até metade da etiologia, mais comum em familiares em 1º grau de clientes depressivos, bipolares e em gémeos verdadeiros
- Factores ambientais:
- Trauma
- Abuso físico ou psicológico
- Perdas de vários tipos (relacionais, profissionais, etc.)
- Mudanças repentinas no contexto de vida
- Consumo de substâncias
- Isolamento social
- Perfecionismo
- Baixa auto-estima
Prevalência
A
depressão afecta todas as faixas etárias, continuando a ter maior
prevalência na idade adulta e é mais frequente em mulheres (2 para
1).
Antigamente,
a idade média do primeiro episódio depressivo major situava-se
entre os 40 e os 50 anos. Hoje em dia, situa-se na faixa dos 20.
Segundo
a European
Alliance Against Depression
(EAAD), Portugal é o país da Europa com maior taxa de depressão e
o segundo maior do mundo (1 em cada 4) e atrás dos USA.
Índice
de Mortalidade
Dois
terços das pessoas que se suicidam sofrem de depressão na altura da
sua morte
Portugal
é o terceiro país europeu onde o suicídio mais aumentou nos
últimos quinze anos (5 por dia)
Vários
estudos afirmam que em 2020, a depressão será a 2ª causa de morte
logo a seguir das patologias cardíacas.
Tratamento
A
depressão tem tratamento.
Antes
de procurar ajuda procure adoptar um estilo de vida anti-depressivo:
-
Dieta equilibrada, com alimentos ricos em vitaminas do complexo B
(cereais, verduras, feijão, frango e ovos), C (citrinos e vegetais)
e Ômega 3 (peixes gordos)
-
Exposição solar (vitamina D)
-
Dormir 8 horas por dia
-
30 minutos de actividade física diária
Não
tenha vergonha de pedir ajuda. A depressão é um problema
internacional de saúde pública que pode matar.
Procure
ajuda psicoterapêutica. Está cientificamente provada a sua
eficácia, existindo várias abordagens possíveis
(Cognitivo-Comportamental, Terapia Focada nas Emoções, EMDR,
terapia existencial, Mindfulness, entre outras). Como cada caso é um
caso, na Psinove privilegiamos um modelo de intervenção
integrativo, usando várias abordagens de forma responsiva a cada
indivíduo.
Em
casos mais graves articulamos com psiquiatria.
Referências
American
Psychiatric Association (2013). Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders (5thed):
DSM-V.
Washington: Author
Coimbra
de Matos, A. (2001). A
Depressão. Lisboa:
Climepsi.
Catarina Satúrio
Catarina Barra Vaz
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psicoterapeuta carcavelos,
Psicoterapia
Local:
Carcavelos, Portugal
Transtorno Bipolar
DOENÇA
BIPOLAR
O
que é?
A
Doença Bipolar,
anteriormente denominada de doença maníaco-depressiva é uma
Perturbação do Humor
que implica a presença ou história de Episódios Maníacos ou
Hipomaníacos, habitualmente concomitantes com a existência de
Episódios Depressivos Major (DSM-V, 2013).
Tipologia
Existem
três tipos de doença bipolar:
Bipolar
I – caracteriza-se pela presença de uma
ou mais episódios maníacos, que pode ser precedido ou seguido de
episódios hipomaníacos ou depressivos major.
Bipolar
II – caracteriza-se pela presença de um
episódio de depressão major, precedido ou seguido por um episódio
hipomaníaco
Ciclotimia
– Perturbação
do humor crónica e instável que engloba períodos de sintomas
hipomaníacos e depressivos que não são em número, intensidade,
duração e globalidade suficientes para se enquadrarem num Episódio
Maníaco e Episódio Depressivo Major, respectivamente. Para que a
Ciclotimia possa ser diagnosticada, é necessário que durante um
período de dois anos (um ano para crianças ou adolescentes), a
pessoa não esteja isenta dos sintomas por mais de dois meses
seguidos e que nos 2 primeiros anos da perturbação, não ocorra
nenhum Episódio Depressivo Major ou Maníaco.
Sintomatologia
- Episódio Maníaco
Estado
de humor expansivo, elevado, eufórico ou irritável com aumento de
actividade ou energia durante pelo menos uma
semana durante o qual ocorrem 3 ou mais dos
seguintes sintomas:
-
Aumento da auto-estima, sentimentos de grandiosidade
-
Diminuição da necessidade de dormir
- Maior
necessidade de falar
- Fuga
de ideias ou pensamento acelerado
-
Distractibilidade
-
Grande dedicação a tarefas orientadas por objectivos ou agitação
psicomotora
-
Envolvimento excessivo em actividades de risco em actividade de
prazer, nomeadamente despesas excessivas e sexo
- Perda
da noção de realidade, delírios ou alucinações auditivas.
- Episódio Hipomaníaco
Apenas
difere do episódio maníaco na sua duração: mínimo de 4
dias consecutivos.
- Episódio Depressivo Major
Estado
de humor depressivo durante o mínimo de duas
semanas acompanhado por 4 ou mais dos
seguintes sintomas:
-
Diminuição do interesse ou prazer na maior parte das actividades
-
Diminuição ou aumento de peso ou apetite, sem estar em dieta
alimentar
-
Insónia ou hipersónia quase todos os dias
-
Agitação ou lentificação psicomotora
-
Fadiga ou perda de energia
-
Sentimentos de inutilidade ou de culpa excessiva
-
Dificuldade
de concentração
-
Ideação suicida
Comorbilidade
Doença
Bipolar I - Perturbação
de Pânico, Fobia Social, Perturbação por Hiperactividade/Défice
da Atenção e Perturbações Relacionadas com Substâncias.
Doença
Bipolar II - Perturbação de
Pânico, Fobia Social, Perturbações Relacionadas com Substâncias e
Perturbações Alimentares.
Ciclotimia
- Perturbações Relacionadas com Substâncias e Perturbações do
Sono.
Factores
de Risco
Os
factores biológicos têm maior peso na ocorrência da Doença
Bipolar.
Um
desequilíbrio nos níveis de um ou mais neurotransmissores
(noradrenalina, serotonina e dopamina) pode conduzir ao aparecimento
da doença bipolar.
Vários
estudos demonstram predisposição genética para a doença bipolar
sendo este o maior factor de risco. A magnitude do risco diminui com
os graus de parentesco: pais, irmãos e avós.
Contudo,
factores ambientais como acontecimentos de vida stressantes (morte de
uma familiar, desemprego, etc) parecem ter um papel importante no
desencadear da doença.
Prevalência
e evolução
A
Doença Bipolar afecta cerca de 1.5% da população (Jones, 2004) e
vários estudos epidemiológicos indicam que a Doença Bipolar ocorre
igualmente em homens e mulheres.
Quanto
à idade média de ocorrência: 18 anos na Doença Bipolar I, 25 anos
na Doença Bipolar II e adolescência na Ciclotimia (nesta última há
um risco variável entre 15% a 50% de que a pessoa desenvolva uma
Doença Bipolar I ou II)
Tratamento
Sabia
que muitos famosos nossos contemporâneos como a actriz Catherine
Zeta-Jones, o actor Jim Carey a cantora Rita Lee e o bilionário Ted
Turner têm doença bipolar e vivem de forma funcional com a mesma?
A
Doença Bipolar é uma condição crónica. Não há nenhum
tratamento que a cure por completo mas é possível controlá-la,
diminuindo o número de recaídas.
É
fundamental o tratamento farmacológico, normalmente estabilizadores
de humor como o Lítio, prescritos por médico psiquiatra.
Contudo,
segundo Jones (2004) 1/3 dos pacientes continua a apresentar
recaídas, apesar do tratamento preventivo com lítio elo que o apoio
psicológico, individual e familiar é essencial na adaptação à
doença.
A
Psicoeducação pode fornecer às famílias, cuidadores e aos doentes
informações sobre a doença e respectivo tratamento, tendo como
objectivo a aceitação da doença e tratamento. A Psicoeducação
adquire igualmente importância na adesão à medicação, o
evitamento do abuso de substâncias e a identificação de sintomas
de recaída.
A
terapia cognitivo-comportamental em doentes com Doença Bipolar reduz
o número de recaídas nos episódios maníacos, nos episódios
totais e nos episódios hipomaníacos bem como uma diminuição do
número de episódios de depressão, mania e hipomania.
A
terapia familiar (TF), pretende melhorar o conhecimento sobre a
doença, realçar o funcionamento global do paciente, assim como
focar a forma de lidar com o stress, verificando-se com esta terapia
um aumento da adesão à medicação. O método utilizado pela TF
envolve fases de avaliação, educação sobre a doença,
aperfeiçoamento das capacidades de comunicação bem como da
capacidade de resolução de problemas, com a família.
Referências
American
Psychiatric Association (2013). Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders (5thed):
DSM-V.
Washington:
Author
Jones,
S. (2004). Psychotherapy of bipolar disorder: a review. Journal of
Affective Disorders, 80, 101-114.
Catarina Satúrio
Catarina Barra Vaz
sexta-feira, 10 de abril de 2015
Alma Gémea
Será que a Alma Gémea existe? Uma entrevista no Portal Inspire Saúde.
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Carcavelos, Portugal
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Carcavelos, Portugal
Esclerose Múltipla
Esta é uma doença inflamatória neuro degenerativa crónica e imprevisível. Os danos ao nível do Sistema Nervoso podem ser extensos e conduzir a incapacidades físicas e cognitivas. A incidência mundial da Esclerose Múltipla tem vindo a aumentar, estimando-se que cerc de 3,6/100,000 mulheres e 2,0/100,000 homens sofram desta doença.
Dados oriundos dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e China realçam a existência de comorbilidade com doenças do foro psiquiátrico. Diferentes estudos demonstram que existe uma prevalência de 16,5% e de 46% de Ansiedade e Depressão, respectivamente, nos doentes com Esclerose Múltipla. Os níveis de qualidade de vida nestes doentes estão na sua maioria diminuídos, o que poderá ser agravado não apenas pela incerteza na evolução da doença como também pela depressão. A existência de psicopatologia associada à Esclerose Múltipla apresenta uma relação directa com uma diminuição da adesão ao tratamento, aumento dos sintomas somáticos, e redução das competências sociais bem como das capacidades funcionais.
Tal como noutras doenças crónicas, a auto-eficácia é de extrema importância para os doentes com Esclerose Múltipla. O aumento da sensação de controlo e de aceitação podem diminuir o impacto físico e psicológico de sofrer de uma doença crónica e contribuir para melhorias clinicas tais como diminuição da fadiga.
As investigações mais recentes apontam para que a diminuição do stress seja um meio para gerir e reduzir a actividade da Esclerose Múltipla. De facto, a Terapia Cognitivo Comportamental já provou a sua eficácia, reduzindo os níveis de impregnação de gandolínio (que indicam as lesões activas) visíveis com recurso a Ressonâncias Magnéticas, durante o período em que decorre a terapia. Contudo, este efeito não é mantido após o término da terapia. As terapias baseadas nas técnicas de Mindfulness, porém, operam de forma diferente dado o forte enfase da prática diária individual e têm um efeito prolongado no tempo.
De facto, estudos levados a cabo na Suíça demonstraram que o treino de 8 semanas de Mindfulness tem resultados na redução da ansiedade, depressão, fadiga e dor bem como nas competências psicossociais, resultados esses que se continuaram a verificar após 6 meses do término do estudo e do treino de 8 semanas. No inicio da investigação, 65% dos participantes tinham níveis elevados de depressão, fadiga ou ansiedade, número esse que reduziu para 1/3 após a frequência do treino semanal de 2h30, complementado com a pratica diária individual de 40 minutos. O objectivo deste programa MBSR (Mindful-Based Stress Reduction) é o de criar uma consciência sem julgamento do que acontece no momento presente.
"MS quality of life, depression, and fatigue improve after mindfulness training: A randomized trial." P. Grossman, L. Kappos, H. Gensicke, M. D'Souza, D.C. Mohr, I.K. Penner, and C. Steiner. Neurology, Volume 75, Issue 13 : pp 1141-1149, published 28 September 2010.
quinta-feira, 9 de abril de 2015
Comer com consciência
As práticas de mindfulness ou de atenção plena podem e devem ser alargadas a todas as áreas do quotidiano que possamos imaginar.
Ser mindful, estar atento e consciente ao que acontece no Agora, não termina no fim de uma prática de 45 minutos de body scan ou de atenção plena da respiração. A atenção, o estar presente aplica-se a coisas tão simples como uma caminhada ou…comer.
Sim, comer, porque mesmo quando ouvimos alguém dizer que adora comer, essa pessoa não está necessariamente a referir-se a apreciar o sabor do alimento, a sua textura e o seu cheiro. A maioria de nós refere-se a comer frutos secos de uma forma quase compulsiva ou um iogurte em duas colheres de sopa. De pé.. Enquanto damos um olhinho no email que acabou de chegar.
A falha na maioria das dietas assenta no negarmo-nos determinados alimentos. A nossa rejeição esta tão presente como o desejo de comer aquele alimento a que nos negámos.
As práticas meditativas de atenção plena da alimentação podem ajudar a promover uma relação mais saudável com a comida e com o acto de comer. As práticas de mindful eating podem inclusivamente ajudar nos casos de “comer compulsivamente”.
Entre outras, comer com consciência permite-nos perceber quando temos realmente fome e quando estamos saciados, podendo assim decidir acertadamente quando ir comer e quando parar de comer.
Observe-se enquanto come. De cada garfada com intenção e siga o percurso do alimento com tudo o que este pode proporcionar-lhe.
Observe os seus sentimentos e sentidos enquanto come, não depois.
Comer é de facto uma experiência bastante completa e complexa. Envolve os 5 sentidos – vemos, cheiramos, saboreamos, tocamos e ate podemos ouvir-nos a mastigar.
Por isso podemos praticar uma meditação que contemple todos estes sentidos enquanto estamos a comer.
Como comer de forma mindful?
Comece por escolher apenas uma refeição por dia a qual dará a sua atenção completa.
Foque-se no que está a comer. Desligue o computador, ponha de lado o livro, apague a televisão ou qualquer elemento que possa ser distrativo daquele momento em que se vai dedicar apenas a saborear o prato que está à sua frente.
Coma à mesa. Ponha o seu lugar, o individual, o prato e não descure a aparência dessa refeição que preparou para si.
Aprecie e saboreie cada garfada. Sinta o sabor dos alimentos e a forma como se misturam e se alteram enquanto os mastiga.
Faça uma pausa entre cada garfada.
E se possível, se estiver com outros à mesa, partilhe a experiência de comer com consciência.Afinal, comer pode ser um prazer.
Pode notar que no fim desta refeição consciente talvez tenha comido menos do que é habitual. A sua digestão pode ser melhorada já que mastigou e saboreou cada alimento. E talvez tenha apreciado verdadeiramente a sua refeição.
Catarina Satúrio
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